Gabriela Albergaria Counting Seeds” e Livro “Duas Praças, Um Jardim, Belém, Lisboa”

Inauguração dia 2 de Junho

Most of us are transplants
Uprooted from our native soil
The very dirt out there
Carries its own history
And provides us with a sense of place.
Florence Crow in The Meaning of Gardens

A citação que inicia este texto está presente num dos desenhos apresentados na exposição (Políptico(Belém)) de Gabriela Albergaria na Ermida de Nª Srª da Conceição. A sua apropriação aqui justifica-se pela relevância no entendimento do projecto desenhado pela artista para aquele espaço especifico.

www.travessadaermida.com

Inauguração dia 2 de Junho

Most of us are transplants
Uprooted from our native soil
The very dirt out there
Carries its own history
And provides us with a sense of place.
Florence Crow in The Meaning of Gardens

www.travessadaermida.com

A citação que inicia este texto está presente num dos desenhos apresentados na exposição (Políptico(Belém)) de Gabriela Albergaria na Ermida de Nª Srª da Conceição. A sua apropriação aqui justifica-se pela relevância no entendimento do projecto desenhado pela artista para aquele espaço especifico.

O desenho urbano de uma cidade é normalmente ditado por interesses políticos os quais rapidamente desaparecem da superfície. Assim, quando nos sentamos na Praça Afonso de Albuquerque, no Jardim Vasco da Gama ou na Praça do Império não pensamos imediatamente na sua história (descobrimentos, colonialismo, estado novo,…), nem no significado da sua construção ou nas conexões politicas que possam ter. Sentamo-nos e desfrutamos o espaço. A história vai sendo enterrada, época atrás de época, esquecida debaixo dos nossos pés.

A exposição parte de um livro de artista Duas Praças e um Jardim que Albergaria desenhou para a ocasião. A sua estrutura é a de um manual de uso. Contêm mapas, fotografias, sugestões de percursos: uma coreografia para o olhar e para o corpo através destes espaços. A maioria dos trajectos que Feliciano fotografa, segundo regras prescritas por Albergaria, propõem uma relação directa entre uma imagem do chão e outra ao nível dos olhos. Esta justaposição quer pensar a forma como o material utilizado na construção do espaço público condiciona o seu uso.

Do livro para as paredes da Ermida sai um grupo de foto-desenhos de cinco árvores que Gabriela Albergaria quis por em evidência na exposição. Nenhuma das árvores é originalmente portuguesa (nem mesmo o tradicional Pinheiro Manso) e simbolizam as relações de troca (e de poder) que Portugal teve com o mundo. Estas obras são caracterizadas por um conjunto de fotografias e desenhos impressos (previamente manipulados) que dissecam a árvore em secções. Os desenhos fazem um pequeno zoom a um detalhe particular da árvore. Cada secção é ladeada por uma cor que a sintetiza. Estas cores provêm de um trabalho de análise retiniana feita por Albergaria às imagens fotografadas por Raquel Feliciano – um trabalho sobre a imagem de uma paisagem e não sobre a paisagem em si.

Duas outras peças completam a exposição. Um tríptico situado na zona do altar da Ermida, e um desenho políptico. Tríptico (Belém), 2012, tem uma estrutura de justaposições: desenho/fotografia; chão/nível dos olhos; acção/contemplação. Na imagem central apenas vemos um pedaço de um jardim onde nada acontece. É nos elementos laterais que acção se desenrola. Num lado um senhor que caminha e no outro um banco vazio que o espera. A estrutura desta obra evoca as pinturas polípticas da história da Igreja nas quais uma história era contada pela conjugação de imagens. Antes o crente, agora o espectador quem cria a narrativa e transfigura imagens em palavras.

Filipa Oliveira

Biografia:
Gabriela Albergaria, nasceu em Vale de cambra, Portugal, em 1965. Vive e trabalha em Nova Iorque. Em 1985 concluiu a licenciatura em Artes Plásticas- Pintura pela FBAUP. Desde 1999 que expõe regularmente. Integrou varios programas de residências de artistas, como Kunstlerhaus Bethanien, Berlim (2000/2001); Cité Internationale des Arts, Paris (2004): Villa Arson, Centre National d’Art Contemporain, Nice, France (2008); Museu de Arte Moderna da Bahía, São Salvador da Bahía, Brasil (2008); The University of Oxford Botanic Garden in collaboration with The Ruskin School of Drawing and Fine Art, Oxford, UK (2009/2010). Foi nomeada para o prémio Ars Viva 2002/2003 – Landschaft na Alemanha, para o Prix Pictet 2008, The World’s Premier Photographic Award in Sustainability. O seu trabalho integra várias colecções privadas e públicas e é representada em Portugal pela Vera Cortês Agência de Arte Contemporânea, e no Brasil pela Galeria Vermelho.

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