igreja caravela

Um blog sobre Belém, não o seria se não abordasse a temática da Igreja Caravela.

A Igreja Caravela é um projecto do arquitecto Troufa Real para a paróquia de São Francisco de Xavier, no Restelo.
A paróquia – segundo consta – precisa de novas instalações já há algum tempo, pois as actuais não apresentam as condições necesssárias, e a Câmara Municipal de Lisboa fez um acordo de cedência de terrenos e de financiamento da construção da nova igreja.

Pessoalmente sou contra, e explico porquê…

Um blog sobre Belém, não o seria se não abordasse a temática da Igreja Caravela.

A Igreja Caravela é um projecto do arquitecto Troufa Real para a paróquia de São Francisco de Xavier, no Restelo.
A paróquia – segundo consta – precisa de novas instalações já há algum tempo, pois as actuais não apresentam as condições necesssárias, e – ao que parece – a Câmara Municipal de Lisboa fez um acordo de cedência de terrenos e de financiamento da construção da nova igreja (235 mil euros).

Em tempos de crise, a necessidade de construção de uma nova igreja é duvidosa, mas a verdade é que o projecto não é de agora, pois remonta aos tempos em que Kruz Abecassis – que cedeu os terrenos – e passou pelo acordo com João Soares – que financiou parte da obra – e está agora nas mãos de António Costa.

Como se não bastasse como tema de discussão a construção de uma nova igreja, e o seu financiamento por parte da Câmara, eis que aparece o arquitecto Troufa Real a oferecer o projecto arquitectónico, que não podia ser mais controverso. Com o formato de uma caravela – dourada – e algumas paredes bem coloridas, a igreja tem ainda uma torre de 100 metros. Segundo sei, de alguma forma, este projecto faz referência às viagens do Apóstolo do Oriente, São Francisco de Xavier.

Pessoalmente, acho o projecto esteticamente assustador. Eu sei que há quem goste e que considere altamente inovador (!!) apenas porque… é diferente. Não me parece ser suficiente.
Para além da estética, o projecto parece-me completamente desenquadrado do local (não que eu veja enquadramento possível, mas pronto).

D. José Policarpo já veio dizer que não morre “de amores” pelo projecto, mas que não pode fazer nada (via Público)
O Arquitecto Teotónio Pereira considera que igreja do Restelo é uma aberração (via Público).
Sá Fernandes acha igreja de Troufa Real “medonha” (via Público).
etc…

No Facebook já existe um grupo contra o projecto, e o Eu Participo também tem uma proposta contra a construção da igreja.

As obras começaram em Dezembro.

7 thoughts on “igreja caravela

  1. A propósito da Caravela que se vai estacionar no Restelo, parece mais sensato a cópia da catedral de S.Pedro, feita na COSTA DE MARFIM, ‘Our Lady of Peace in Yamoussoukro’. Mais sensato, e de melhor Gosto, seguramente. Uma cópia da Verdadeira Catedral da Igreja Católica, um dos símbolos máximos do Berço da Igreja e testemunho de Pedro. Um simbolo que nos inspira a todos, mesmo ao Terceiro Mundo. Até a cúpula, em Ouro, parece agora não ser um excesso, pois é evidentemente um simbolo do cosmos, do divino e do intangível, sobrepondo um novo céu sobre o Terreno sagrado. O Paraíso possível na Terra. Criando um ‘Sol nascente’ nesta Africa que desaparece. E não brinco. Até Eu entendo que não se festeja o que se tem, mas o que se é.
    Parece que não é só em Africa que os símbolos deste calibre são necessários. Uma imagem é tudo neste mundo fútil e superficial, até mesmo uma imagem de uma caravela, eventualmente de um minarete, a simulação de uma Tenda em Betão do menino que nasceu, a cópia de uma sinagoga onde Jesus foi apresentado ao Templo. Falta a tenda do Circo, seguramente haveria um criativo que lhe conseguiria colar uma “Mensagem”.
    Resta-me esperar que não haja dinheiro para colocar a Nossa Nossa Senhora de Fátima na Proa do Navio. Pois visionários não faltam.
    Quanto á minha Igreja Católica não ter força para parar uma obra da Igreja Católica…

  2. Pois, é terrível mas vai mesmo para a frente 🙁
    Passei lá recentemente e já se vê a obra a avançar.

    Não conhecia a ‘Our Lady of Peace in Yamoussoukro’… que tal como esta, me parece um “pouco” descontextualizada.

    É pena que numa altura em que existe tanta gente a precisar de apoio… que se gaste imenso dinheiro numa obra que ninguém quer. Pelo menos da maneira que está planeada.

  3. Sim , é mesmo pena. e mais ainda que o desenho de um pedaço de céu na Terra seja algo tão infantil e banal. Na igreja do Siza, no Marco de Canavezes ( e eu tb não gosto da Igreja embora é indiscutivel que é um trabalho muito sério, honesto e civilizado — o que o enche de honradez) discutia-se se era necessário a cruz na fachada, visto ser o edificio já tão evidente. Até a planta em forma de cruz, existente na tradição cristã, ele consegui respeitar com a capela mortuária sob a nave principal.
    Aqui, o simplismo e a ignorância transformam o desenho de uma igreja numa banalidade de ícones rebuscados, longe da pureza e do essencial da tradição do construir e da fé. Da civilidade e da força do ecumenismo.
    A comparação com o desajuste da Igreja de Yamoussoukro não foi pouco adequado . Ambos Grandes esforços da população, mal guiados, juntos com desperdício, ignorância – mesmo falta de cultura angustiante que dificulta a evangelização– e uma pressa em executar obra numa escala desadequada.
    Deixo duas ideias ainda:
    1.Cada vez se constroi menos igrejas no mundo ocidental. E são cada vez mais importantes como sinal. São sinais comovedores e fazedores de fé.
    2. As igrejas eram em tempos construidas , desenhavam e organizavam cidades. Eram espelho das épocas. Hoje passa-se o oposto. Qualquer dia teremos um referendo que vise impedir a construção de Igrejas e Torres e Caravelas que desfeiem as nossas cidades e povoações. E Católicos como Eu terão vergonha por ter de votar a favor de tal.
    Não se pretende propor a criação de um comité de “Bom Gosto” mas de se responsabilizar nós Igreja e os responsáveis católicos pelas demonstrações Públicas da nossa fé.´, que Têm no caso da construção de Uma Igreja a oportunidade mais perene. Organizemo-nos.

  4. È pena não haver consenso quanto à igreja de S.Francisco Xavier, mas os paroquianos que frequentam todos os dias o pré-fabricado actual é que sabem as dificuldades que a igreja tem. Tem catequese na igreja, reuniões na igreja.Não temos espaço para estar a rezar com tranquilidade, e tudo isto se mantém há 18 anos. Mesmo assim há muitas crianças que frequentam a catequese, mas não há espaço para outras actividades. Antes de criticarem d»eem soluções e ponham-se nos sapatos dos paroquianos que gostariam de ter uma igreja com espaço e dignidade.

  5. Não sou católico. Sou arquitecto. Sou amigo pessoal do arq.º Troufa Real. Não gosto daquele armazém com uma cruz que o arq.º Siza Vieira projectou para o Marco de Canavezes. Não me importaria de ver este projecto do arq.º Troufa Real em Las Vegas, Nevada, ou numa disneilândia… A arquitectura pode e deve (de vez em quando) provocvar. Estou em crer que as primeiras catedrais góticas foram um acto provocativo e que, naquele tempo, alguém, ironizou que não se importaria de as ver em Las Vegas.
    Moro em Belém.
    Tudo é possível…
    Poupem-me!

  6. Palavras usadas:
    Espaço:
    Sem comentários, sendo necessário acho muito bem que se construa, desde que não sirvam de desculpa para egos e ostentações desmedidas. Pior ainda de mau gosto e que provoquem ou aviltem quem não tem a nossa religião. Não se compreendem Párocos que ainda vejam o seu papel na comunidade como construtores, e sintam que a sua vocação é mostrar obra feita. Mostrar, aqui, é uma palavra importante. Os padres não têm de ir a eleições, nem lideram clubes de futebol, de outro modo até se percebia que introduzissem aqui e ali uma rotunda e mais uma fonte luminosa. O seu trabalho é usar o Espaço da Igreja para Emocionar, comover, converter e celebrar e festejar. O Luis disse bem… disneylândia, podia ter dito Las Vegas.
    O que se pede é que a Igreja, como todo, pense e aja, não se demitindo da sua voz e do seu papel. E que os paroquianos se deixem de fantasias e de tentar competir entre paroquias e construções.

    Dignidade:
    A criação do espaço sagrado na Terra implica uma certa dignidade. Só quem não conhece são Frutuoso de Montélios, A pequena Igreja de S. Francisco no Porto, a capelinha das aparições de Fátima, A Igreja das Amoreiras de Lisboa, pode alegar que o tamanho, a Iconografia ou a Ostentação tenha alguma coisa a ver com dignidade. Em nenhum destes locais de Culto me lembro de ver uma Proa, ou tenda, Ou Ouro, ou minaretes…
    Provocar:
    Aqui gostaria de distinguir provocar de Chocar, e o útil do acessório. Provocar, com uma peça da Igreja, construida por ateus ou não, é encher um espaço de Luz, como fizeram os construtores góticos inovando tecnicamente e libertando as paredes da sua função de sustentação. O mesmo fizeram os construtores Manuelinos quando construíram a igreja do Mosteiro da Batalha sob o jugo espanhol e não podendo construir a maior igreja da Península Ibérica construíram o maior vão, na Nave Central. O Uso da inteligência não me parece mal, a pobreza de nos despirmos da tradição e do bom-senso, para usarmos trajes Carnavalescos Provincianos, sim. Choca-me e revolta-me.
    Em tempos, Os padres e as ordens tinham um saber acumulado, uma prática de fazer as coisas que permitia lançar a construção de uma Igreja ou Catedral como um trabalho sério e seguro. O tempo que as coisas levavam a fazer, e a necessidade de intervenção de toda uma comunidade, pelo financiamento e dimensão, faziam o restante do trabalho, garantindo controlo da Obra.
    Hoje Tudo se passa de maneira diferente. As comunidades de Padres são mais pequenas, e já não há padres construtores, nem “técnicos” com experiência prévia a compensar esta falta de conhecimento. Mais, as Dioceses não vêm relevância nem preocupação no Apoio que deve ser dado, sugerido, ou imposto, aos padres que constroem sem experiência ou Know-How REAL. Não se vive em Comunidade, nem se percebe que as paróquias hoje não são estanques aos seus residentes.
    Demos bons motivos para se falar da Igreja Católica, Eu sei que não faltam. Também sei que uma igreja dinâmica é uma Igreja exigente onde a crítica e a intervenção dos Leigos é essencial.
    Ainda não Ouvi razões sólidas para a construção deste tipo de Igrejas, o facto do projecto ser oferecido não me parece assunto válido, nem confirma a sua Qualidade ou razoabilidade.
    Quanto ao facto do projecto tardar 18 anos só confirma os capítulos acima, pouco sabedoria na gestao do processo.
    Ganhemos Juizo, corrigir erros é uma obrigação, não está construido, evitemos um desastre ainda maior por omissão. Desculpas são não passam disso, convites à inactividade.
    Estou preocupado com este processo, e com evitar que haja mais erros futuros, em Igrejas com a mesma Génese.

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